29 de novembro de 2009

Os dogmas do casamento gay (3 de 6)

Dogma 3
Todos os homossexuais são a favor do casamento entre homossexuais.


Contra-argumento
Há aqui dois aspectos. Primeiro: muitos gays e lésbicas são a favor da legalização do casamento gay, mas não pensam casar-se. Segundo: há gays e lésbicas contra a legalização do casamento, ponto.

Claro que o activismo que quer legalizar o casamento gay em Portugal tem induzido a opinião pública em erro ao apresentar aquelas duas hipóteses de forma enviezada. Para esse activismo todos os homossexuais são a favor do casamento, mesmo aqueles que não se querem casar. E se não são a favor é porque têm homofobia interiorizada ou falta de auto-estima. Um dogma, portanto.

Ora, há gays e lésbicas que entendem que o casamento é uma instituição conservadora, de matriz heterossexual e católica, pelo que os homossexuais não têm de a reivindicar. E entendem, portanto, que os direitos de que gozam hoje os casais casados devem ser alargados a todas a realidades familiares ou realidades domésticas, independentemente da orientação sexual e do estado civil das pessoas.

2 comentários:

  1. O sacramento religioso passou a texto legal. Os Homens entenderam que isso era bom até porque muitas questiúnculas para lá da moral sagrada tinham que estar tácitas num código civil. A igualdade na resolução dos problemas motiva a existência das regras.

    Sucede que, mesmo havendo uma origem católica no termo e nos termos em que se explicita o "Casamento", esta já foi largamente extrapolada. O termo Casamento como contrato continua a ser referido e a ele remetido por toda a legislação.

    Será portanto mais fácil que se indexe a este contrato as relações afectivas que seguem os mesmos princípios.

    A lei neste caso não implica que se tornem católicas as pessoas que casem. Claro que quem casar estará sujeito a ver o contrato terminado por infidelidade ou outra justa-causa referida. Isto partindo do princípio que o outro denuncia esse mesmo contrato e não haja um entendimento mútuo nestas questões.

    Tu a dada altura dizes que não deve ser a perspectiva legalista a sobressair. Só que acho que a discussão é sobretudo essa. Tornar isto num tratado de filosofia é passar para o plano puramente académico.

    Gosto muito dos teus textos. Tomara que fosse muita da oposição assim iluminada, esclarecida e democrática. Não concordo contigo mas ainda bem.

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  2. Asphalto: Dizes que é "mais fácil" indexar ao contrato casamento todas relações afectivas (gay e hetero), com o fim de obter os mesmos direitos. Mas porque é que é mais fácil?

    Penso que essa indexação deita para o lixo a história recente da afirmação gay (que olhou o casamento como sede da discriminação sexista e homofóbica) e faz de conta que o casamento civil não deriva de um ritual de uma religião que condena a homossexualidade.

    É por isso que digo que a questão não se resume à dimensão legal. Há uma ética e um contexto histórico que estão antes da discussão legal.

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